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Renda VariávelAnálise Fundamentalista

P/L de Ações: O Que É, Como Calcular e Interpretar

1º de dezembro de 2025•14 min de leitura

O P/L (Preço/Lucro) é provavelmente o indicador mais usado por investidores para saber se uma ação está cara ou barata. Mas poucos sabem interpretá-lo corretamente. Vou te ensinar exatamente como calcular, analisar e usar o P/L para tomar decisões mais inteligentes na hora de investir em ações.

O que é o P/L (Preço/Lucro)?

O P/L é um indicador que mostra quantos anos você levaria para recuperar o valor pago pela ação através dos lucros que a empresa gera. É a relação entre o preço da ação e o lucro por ação que a empresa produziu.

Em termos simples: se uma ação custa R$ 20 e a empresa lucra R$ 2 por ação ao ano, o P/L é 10. Isso significa que, mantendo o lucro constante, você levaria 10 anos para "recuperar" o investimento através dos lucros da empresa.

Analogia do aluguel de imóvel

Pense assim: se você compra um apartamento por R$ 300.000 e aluga por R$ 1.500/mês (R$ 18.000/ano), o P/L seria 300.000 ÷ 18.000 = 16,7 anos para recuperar o investimento pelo aluguel.

Com ações é a mesma lógica: o P/L te diz quantos anos levaria para "pagar" a ação através dos lucros que ela gera. Quanto menor o P/L, teoricamente mais barata está a ação.

Como calcular o P/L de uma ação

O cálculo é extremamente simples:

Fórmula do P/L:

P/L = Preço da Ação ÷ Lucro por Ação (LPA)

Exemplo 1: Petrobras (PETR4)

  • • Preço da ação: R$ 40,00
  • • Lucro por ação nos últimos 12 meses: R$ 5,00
  • • P/L = 40 ÷ 5 = 8

Exemplo 2: Vale (VALE3)

  • • Preço da ação: R$ 60,00
  • • Lucro por ação nos últimos 12 meses: R$ 10,00
  • • P/L = 60 ÷ 10 = 6

Você não precisa fazer esse cálculo manualmente. Sites como Status Invest, Fundamentus e a própria B3 mostram o P/L de todas as ações brasileiras já calculado. Mas é importante entender a lógica por trás.

Como interpretar o P/L: ação cara ou barata?

Aqui é onde muita gente erra. Não existe um número mágico que define se uma ação está cara ou barata. O P/L precisa ser analisado dentro do contexto da empresa e do setor. Mas vou te dar alguns parâmetros gerais:

Faixa de P/LInterpretação GeralO que pode significar
P/L abaixo de 8Potencialmente barataEmpresa consolidada, setor maduro, pode estar subavaliada ou com problemas
P/L entre 8 e 15Preço razoável/justoMédia do mercado brasileiro, preço considerado normal
P/L entre 15 e 25Preço elevadoExpectativa de crescimento alto, empresa em expansão
P/L acima de 25Potencialmente caraExpectativas muito altas, pode ser bolha ou empresa disruptiva
P/L negativoEmpresa no prejuízoEmpresa está dando prejuízo, não dá para calcular P/L

⚠️ ATENÇÃO: P/L baixo nem sempre é bom!

Essa é a pegadinha: muita gente vê um P/L de 3 ou 4 e pensa "que barganha!". Mas às vezes a ação está barata porque a empresa está com problemas sérios: lucros caindo, dívidas altas, setor em crise.

Exemplo: durante a pandemia, algumas aéreas tinham P/L baixíssimo. Mas era porque estavam com o setor inteiro parado e o lucro futuro incerto. P/L baixo pode ser uma armadilha (value trap).

Comparando P/L: empresa vs setor vs mercado

O segredo é sempre comparar o P/L da empresa com o P/L do setor dela e com a média do mercado. Veja alguns exemplos reais:

SetorP/L Médio TípicoExplicação
Bancos5 a 10Setor maduro, crescimento lento, boa geração de lucro
Varejo8 a 15Setor cíclico, depende da economia, margens médias
Energia Elétrica10 a 18Previsibilidade alta, concessões, dividendos bons
Tecnologia20 a 40Crescimento alto esperado, empresas em expansão
Commodities (Petróleo, Mineração)4 a 10Lucros voláteis, depende do preço internacional

Resumo: se o Banco do Brasil tem P/L de 7 e o Itaú tem P/L de 9, ambos estão na média do setor bancário (5 a 10). Mas se aparecer um banco com P/L de 20, algo está muito errado ou muito certo - vale investigar.

P/L e expectativa de crescimento futuro

Aqui está o pulo do gato: o P/L reflete não só o presente, mas principalmente as expectativas do mercado sobre o futuro da empresa. Por isso que empresas de tecnologia têm P/L alto: o mercado espera que elas cresçam muito.

Exemplo Real: Magazine Luiza

2019: MGLU3 tinha P/L de 80 (altíssimo!). Por quê? O mercado apostava que a empresa viraria a "Amazon brasileira" e cresceria muito.

2021: Ação bateu R$ 27, P/L chegou a 200. Euforia total.

2023-2024: Ação caiu para R$ 2, P/L normalizou em 10-15. O crescimento esperado não veio, lucros caíram, mercado reavaliou.

Lição: P/L alto pode ser justificado se a empresa realmente crescer. Mas se não crescer, a ação tende a cair forte para o P/L se normalizar. P/L baixo pode ser oportunidade se a empresa melhorar.

Quando o P/L não funciona ou não serve

Existem situações onde o P/L não é um bom indicador:

1. Empresas com prejuízo

Se a empresa está no vermelho (lucro negativo), o P/L fica negativo ou indefinido. Não faz sentido usar. Exemplo: empresas aéreas durante a pandemia, startups em crescimento agressivo. Nesses casos, use outros indicadores como P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial).

2. Empresas cíclicas em pico ou vale

Siderúrgicas, mineradoras, construtoras têm lucros muito voláteis. Se você pegar o P/L no pico do ciclo (lucro alto), parece barato. No vale (lucro baixo), parece caro. Você precisa olhar o P/L médio de vários anos.

3. Empresas em reestruturação

Se a empresa está vendendo ativos, mudando de gestão, fazendo turnaround, o lucro passado não reflete o futuro. O P/L fica distorcido. Exemplo: Oi (OIBR3) durante a recuperação judicial.

4. Bancos e instituições financeiras

P/L funciona para bancos, mas o P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial) é ainda mais usado no setor financeiro. Leia nosso post sobre P/VP: o que significa e como usar.

Combinando P/L com outros indicadores

O P/L sozinho não basta. Você precisa combiná-lo com outros indicadores para ter uma análise completa:

  • P/VP (Preço/Valor Patrimonial): Mostra se a ação está sendo negociada abaixo ou acima do valor contábil da empresa. Veja nosso guia completo sobre P/VP.
  • ROE (Retorno sobre Patrimônio): Mede a eficiência da empresa em gerar lucro com o patrimônio dos acionistas. ROE acima de 15% é considerado bom.
  • Dívida Líquida/EBITDA: Mostra o endividamento. Acima de 3x é preocupante.
  • Dividend Yield: Mostra quanto a empresa paga em dividendos. Complementa o P/L. Leia sobre dividendos em FIIs e ações.
  • Crescimento de lucro (CAGR): Taxa de crescimento anual dos lucros. Se cresce 20% ao ano, justifica P/L mais alto.

Exemplo de Análise Completa: WEG (WEGE3)

  • • P/L: 22 (alto, mas...)
  • • Crescimento médio de lucro: 18% ao ano (justifica P/L alto)
  • • ROE: 21% (excelente)
  • • Dívida Líquida/EBITDA: 0,5x (baixíssima, empresa saudável)
  • • Dividend Yield: 1,5% (baixo, mas empresa reinveste muito)

Conclusão: P/L de 22 parece alto, mas é justificado pelo crescimento consistente e qualidade da empresa.

Erros comuns ao usar o P/L

❌ Erro 1: Achar que P/L baixo é sempre bom

Value trap! Empresas em decadência têm P/L baixo porque ninguém quer comprar. Exemplo: empresas de telefonia fixa, jornais impressos. O setor está morrendo, P/L baixo não adianta.

❌ Erro 2: Comparar P/L de setores diferentes

Não faz sentido comparar o P/L de um banco (6) com o P/L de uma empresa de tecnologia (30). São setores completamente diferentes com dinâmicas diferentes.

❌ Erro 3: Olhar só P/L histórico sem projetar futuro

O P/L mostra o passado (lucro dos últimos 12 meses). Mas o preço da ação reflete expectativas futuras. Se a empresa está cortando custos, lançando produtos novos, expandindo, o lucro futuro pode ser muito maior.

❌ Erro 4: Ignorar o contexto macroeconômico

Em 2020 (juros a 2% ao ano), P/L de 20 era normal. Em 2024 (juros a 13% ao ano), P/L de 20 é caro. Quando os juros sobem, o P/L médio do mercado tende a cair porque renda fixa fica mais atrativa.

Como usar o P/L na prática: passo a passo

Roteiro para analisar uma ação usando P/L:

  1. Identifique o P/L da ação: Use Status Invest, Fundamentus ou B3.
  2. Compare com o setor: Veja se está acima ou abaixo da média do setor.
  3. Olhe o histórico: O P/L atual está alto ou baixo comparado com os últimos 5 anos?
  4. Analise o crescimento: A empresa está crescendo? Lucro aumentando ou caindo?
  5. Combine com outros indicadores: P/VP, ROE, Dividend Yield, Dívida.
  6. Leia os resultados trimestrais: Entenda se o lucro é sustentável ou foi pontual.
  7. Defina seu critério: "Só compro ações com P/L abaixo de 12" ou "aceito P/L até 20 se ROE for acima de 15%".

Ferramentas para acompanhar o P/L

Use essas ferramentas gratuitas para analisar P/L de ações brasileiras:

  • Status Invest: O melhor site brasileiro. Mostra P/L, P/VP, ROE, dividendos, tudo em um lugar só. Interface limpa e dados atualizados.
  • Fundamentus: Mais antigo, interface simples, mas dados confiáveis. Bom para fazer screeners (filtros) de ações.
  • B3 (site oficial): Dados oficiais das empresas, demonstrativos financeiros completos.
  • TradeMap: Bom para análise técnica + fundamentalista combinada.

P/L no mercado americano vs brasileiro

No mercado americano (S&P 500), o P/L médio histórico é em torno de 15-18. No Brasil (Ibovespa), o P/L médio fica entre 8-12. Por que a diferença?

  • Risco país: Brasil é considerado mais arriscado, então as ações precisam estar mais baratas (P/L menor) para compensar o risco.
  • Juros mais altos: Com Selic a 10%+, renda fixa compete forte com ações. Nos EUA, com juros a 5%, ações ficam mais atrativas.
  • Empresas mais maduras: Bolsa brasileira tem muitos bancos, commodities, varejo. Setores maduros têm P/L menor.

Resumo: não compare P/L de ações brasileiras com americanas diretamente. O contexto é diferente.

Conclusão: use o P/L com inteligência

O P/L é uma ferramenta poderosa, mas não é mágica. Ele te dá uma noção rápida se uma ação está cara ou barata em relação ao lucro que gera. Mas você precisa ir além:

  • Sempre compare com o setor e com o histórico da própria empresa
  • Combine com outros indicadores (P/VP, ROE, crescimento, dívida)
  • Entenda o contexto: empresa crescendo? Setor em alta? Economia favorável?
  • P/L baixo pode ser armadilha (value trap), P/L alto pode ser justificado (crescimento)

Se você quer aprender mais sobre análise de ações, leia nosso Guia Completo de Renda Variável e nosso post sobre Análise Fundamentalista Básica.

Perguntas Frequentes sobre P/L

1. Qual é o P/L ideal para comprar uma ação?

Não existe um número mágico. Depende do setor. Bancos costumam ter P/L de 5-10, tecnologia 20-30. Compare sempre com a média do setor e com o histórico da empresa.

2. P/L negativo significa que a ação vai cair?

P/L negativo significa que a empresa está dando prejuízo. Pode ser temporário (reestruturação, investimento pesado) ou estrutural (empresa quebrada). Analise o motivo do prejuízo antes de decidir.

3. Posso usar P/L para analisar Fundos Imobiliários?

Não. FIIs não usam P/L. Use P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial) e Dividend Yield. Leia nosso guia de como analisar FIIs.

4. P/L alto sempre significa que a ação está cara?

Não. Se a empresa está crescendo rápido (20%+ ao ano), P/L alto pode ser justificado. O mercado paga mais caro antecipando lucros futuros maiores. Exemplo: empresas de tecnologia em expansão.

5. Com que frequência o P/L muda?

O P/L muda diariamente porque o preço da ação muda todo dia. O lucro (denominador) muda a cada trimestre quando a empresa divulga resultados. Por isso é importante acompanhar os balanços.

6. Devo comprar apenas ações com P/L baixo (estratégia value)?

Depende da sua estratégia. Value investing (comprar barato) funciona, mas exige paciência e análise profunda. Às vezes vale pagar mais caro (P/L alto) por uma empresa de qualidade excepcional que cresce muito (estratégia growth).

Quer ajuda para analisar ações usando P/L e outros indicadores?

Como assessor de investimentos, posso te ajudar a montar uma carteira de ações bem fundamentada, ensinando você a usar P/L, P/VP, ROE e outros indicadores na prática. Vamos conversar?

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Sobre o autor

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Assessor de Investimentos credenciado pela Ancord, atuando através da Autem Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual.

Meu trabalho é ajudar você a investir com clareza, estratégia e disciplina. Acredito que educação financeira vem primeiro — por isso escrevo de forma direta, sem jargão, e sempre mostrando os dois lados da moeda.

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Assessoria de investimentos transparente e educacional.

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